X-9 Paulistana falará da cobiça internacional pela floresta.
Grupo também exibirá 'energias encantadas' da mata.
Ao lado de deuses indígenas lendários, o grupo mostrará uma crítica debochada à cobiça pelas riquezas da floresta. Representado por um corvo azul, o carro que mostra a exploração da mata traz um palhaço que vende hambúrgueres feitos com os bois da festa de Parintins.
"Não vamos mostrar a Amazônia como foi mostrada até agora, que é o boto, a Iara. Aquela é uma visão muito romântica ", avisa o carnavalesco Paulo Führo, que vai fazer sambarem juntos, em nome da floresta, sósias de Raul Seixas, sambistas em forma de seringueiros e Rita Cadillac. "A função do carnaval não é a discussão política, é debochar", ensina.
Dentro da lógica carnavalesca, a crítica se mistura à brincadeira, e elementos aparentemente sem conexão aparecem unidos. Führo usa dessa liberdade para abrir o desfile com uma barca encantada, que navega pelos igarapés amazônicos levada por Dom Sebastião – o lendário rei de Portugal, que no século XVI desapareceu em uma batalha na África e nunca mais voltou.
Com olhos gordos sobre os tesouros amazônicos, o carro seguinte traz um corvo azul, simbolizando os interesses internacionais. Apimentando a polêmica, Führo lembra da influência cultural norte-americana e coloca Madonna dançando junto a engrenagens coloridas, que giram junto a águas poluídas. A alegoria traz ainda vários sapatos – alusão à recente "sapatada" recebida por George Bush no Iraque.
Em resposta à cobiça, surge no próximo carro o Guerreiro de Anhangá, um ser mitológico indígena. "Ele é a energia que se volta contra o homem quando trata mal a natureza", explica o carnavalesco. Para vencer o pássaro malvado, Anhangá usa como arma a brasilidade: seus soldados são Clara Nunes, Gonzagão, Rita Cadillac – esta em carne-e-osso –, Raul Seixas e o velho guerreiro, Chacrinha, que tasca uma buzinada no corvo azul e lhe entrega o troféu abacaxi. Afinal de contas, é carnaval.
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