Dupla gaúcha saiu da fronteira com a Colômbia e vai até Manaus.
Percurso total da viagem chega a 1.600 quilômetros.
Eles viajam sozinhos, sem barco de apoio. Não têm instrumentos de comunicação via satélite, e só conseguem entrar em contato com o Rio Grande do Sul quando param em alguma cidade ribeirinha. “É uma expedição pobre”, brinca Silva, que concedeu entrevista ao Globo Amazônia usando um orelhão em Codajás.
Banana e miojo
A rotina dos remadores começa cedo. Eles levantam entre quatro e cinco da manhã, e começam a viagem assim que o sol nasce. “Navegamos das 6 às 13h. Usamos apenas a parte da manhã para não pegar muito sol”, conta Silva.
As paradas são feitas em cidades ou pequenas comunidades à beira do rio. São nesses locais que Hiram e Romeu compram comida, dormem e se preparam para a jornada seguinte. “Comemos basicamente banana e Miojo”, relata o remador. Ilhas que se movem Antes de se lançar ao Solimões para percorrer cerca de 1.600 quilômetros – a distância aproximada entre Tabatinga e Manaus pelo rio –, Silva treinou durante dois anos nas águas do Sul. “Foram 15 mil quilômetros no rio Guaíba e na Lagoa dos Patos, com ondas, ventos e chuvas. As condições eram piores do que nos Solimões."
Apesar da região ser pouco povoada, Silva conta que sempre encontra algum local habitado para passar a noite. “Tem muitas comunidades, e a hospitalidade tem nos surpreendido positivamente. O pessoal nos convida para almoçar, para jantar.”
A aventura está sendo realizada a bordo de dois caiaques oceânicos que medem 5,5 e 6,2 metros de comprimento. Cada remador leva cerca de 30 quilos de bagagem, entre roupas, comida e equipamentos eletrônicos, como navegadores e máquinas fotográficas.
Segundo Silva, que é professor do Colégio Militar de Porto Alegre e tem curso de Guerra na Selva, não é tarefa simples conseguir se localizar no Solimões, pois os mapas mostrados no GPS (aparelho usado para localização) nem sempre correspondem à realidade. “[O rio] constrói e destrói ilhas com uma velocidade muito grande”, explica.
As dificuldades de localização, contudo, foram vencidas com a ajuda da natureza: “Nas três oportunidades em que ocorreu uma dúvida maior, os botos tucuxis praticamente indicaram os caminhos a seguir. Eles apontaram o nariz para os locais para onde deveríamos ir.”
A aventura dos remadores gaúchos pode ser acompanhada pelo blog Desafiando o Rio-Mar.
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