quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Dorothy morreu defendendo agricultura sem devastação, diz procurador

Missionária norte-americana foi assassinada há quatro anos no Pará.
Para Felício Pontes, crime foi confronto entre preservação e destruição.


A missionária norte-americana Doroty Stang, assassinada em Anapu (PA) há exatos quatro anos, morreu no confronto entre um tipo de agricultura que beneficiava o meio ambiente e outro que devastava. Esse é o ponto de vista do procurador da república Felício Pontes Jr, que atua no Pará e é especializado em casos de grilagem de terras – quando fazendeiros se apropriam indevidamente de áreas pertencentes ao país. 

Dorothy defendia um jeito de plantar que misturava grandes árvores frutíferas a pequenas plantas, mantendo a floresta em pé. Batizado de Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), esse modelo começava a ser usado em assentamentos de reforma agrária na Amazônia. 

Segundo Pontes, o sucesso do projeto da missionária incomodava alguns fazendeiros da região. Donos de terras supostamente obtidas com a falsificação de documentos, eles teriam medo de perder suas propriedades para projetos de reforma agrária. 

“[O local onde a missionária foi assassinada] é uma terra muito longínqua, perdida, pequena. Por que então matar irmã Dorothy? Porque o projeto era extremamente perigoso para fazendeiros e madeireiros. Se ele desse certo, mostraria que é possível fazer reforma agrária na Amazônia”, argumenta o procurador. 

Prisão por grilagem

A tese de Pontes ganha força com a prisão de um dos acusados de ser mandante da morte da missionária. Regivaldo Galvão, conhecido também como “Taradão”, ainda não foi julgado pela acusação de assassinato, mas permanece preso de forma preventiva desde o final de 2008 pela suposta falsificação de documentos de propriedades de terra. 

Acusado também de trabalho escravo, Galvão nega os crimes. Em um site criado para defendê-lo, ele afirma que não tem relação com o crime contra Dorothy e que adquiriu terras de forma legal. “Tenho várias testemunhas que comprovam que eu preferia até perder aquelas terras que foram adquiridas legalmente de que ter que passar por um conflito pela posse delas”, diz trecho de seu depoimento. 

Para Pontes, o crime de grilagem de terras também está ligado à destruição do meio ambiente. “A grilagem de terras [ocorrida nas últimas décadas] tinha um propósito claro: buscar financiamento de bancos públicos. Os projetos – defendidos como ‘desenvolvimento’ – eram, em sua imensa maioria, para retirada de madeira ou pecuária. Eram financiamentos para devastar a Amazônia”, afirma o procurador.


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