sábado, 31 de janeiro de 2009

Desafiando o Rio-Mar: Iranduba/Manaus, a chegada


Desafiando o Rio-Mar: Iranduba/Manaus, a chegada 

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam." 

(Henry Ford)

 Por Hiram Reis e Silva (Manaus, AM, 26 de janeiro de 2009)

- Véspera 

A noite de domingo foi longa e insone. A um passo da conquista de um objetivo planejado e perseguido incansavelmente por dois anos, minha mente repassava, inconscientemente, como num filme, todas as alegrias e todos os obstáculos que tivemos que ultrapassar para chegar até aqui. 

A alegria de sentir o apoio e o envolvimento irrestrito de amigos e familiares, o incentivo por parte de cada um que tomando conhecimento de nosso desafio se tornou um aliado, um combatente de primeira linha. Foi uma verdadeira expedição que desceu o Solimões de carona nos nossos sonhos. Amigos de todos os rincões, amigos virtuais, amigos que comungam por uma causa maior: a da brasilidade e da soberania Amazônica.

A cada um de vocês que de alguma maneira tornou possível a concretização de ‘nosso mais belo e arrojado ideal’, o nosso profundo agradecimento. Certamente vosso apoio encontrará eco nos labirintos das eras passadas, de ilustres heróis como Pedro Teixeira, Plácido de Castro, Cabralzinho, Euclides da Cunha e tantos outros que lutaram para ampliar nossas fronteiras tão comprometidas, nos dias de hoje, por ações de mal-informados dirigentes que tomam decisões que afetam todos cidadãos brasileiros.

- Largada para Manaus 

Partimos por volta das 07:00 horas, pois não havia necessidade de sair mais cedo; a hora prevista para chegada no 2º Grupamento de Engenharia de Construção (2º Gpt E), em Manaus, era por volta das 14:00 horas. Remei lentamente, procurando curtir cada segundo, gravando cada imagem captada pela minha retina, cada som que percutia nos meus tímpanos. As palafitas, as pequenas ‘montarias’ manobradas com invulgar destreza pelos ribeirinhos, as terras caídas, as ilhas que andam, os pássaros... tudo tinha um nostálgico sabor de despedida. 

- Furo Paracaúba 

O ‘furo’ ou ‘paraná Paracaúba’ que liga o Solimões ao Rio Negro permite que se acesse o rio mais à montante de sua foz, economizando tempo e energia. O ‘Paracaúba’ não é nem sombra do que era nos idos de 1940 a 1950, período em que os navegantes, cautelosamente, escolhiam o melhor momento para abordá-lo contornando seus perigosos rebojos. 

Fizemos uma longa parada na margem do Rio Negro, aguardando o tempo melhorar. O conserto do caiaque pilotado pelo Romeu, em Manacapuru, foi muito mal feito e eu temia que algum esforço maior pudesse comprometer sua estrutura. A tempestade sobre a cidade de Manaus gerava fortes ondas e o horizonte, à leste, prenunciava tempo bom; resolvi aguardar até que o rio ficasse mais calmo. 

- Último lance 

O rio se transformou em um lago. Fizemos mais uma parada, pois eu procurava ajustar a chegada para a hora marcada, 14:00 horas. Iniciando a travessia do rio, busquei me aproximar da margem esquerda para me afastar do canal; a correnteza do Negro era fraca, tendo em vista a cheia do Solimões, mas existia. Diminuí o ritmo, tendo consciência de que chegaríamos, com isso, depois da hora marcada.  

Parei numa rampa próxima à Ponte do Rio Negro aguardando o Romeu, que apresentava visíveis sinais de cansaço. Passamos a ponte e, mais uma vez, o GPS apontava para um ponto bastante distante do nosso destino. Passamos por diversos estaleiros e balsas que transportavam veículos de Iranduba para Manaus e vice-versa, quando, no meio daquele caos, avistei alguns soldados trabalhando na contenção de talude e, logo depois, um toldo com outros militares e repórteres que nos aguardavam.

- Missão cumprida 

O Major Maier, Oficial de Relações Públicas do 2º GECnst, havia preparado um aparato formidável para nos receber. Ainda na praia, agradecemos a gentileza da recepção e concedemos algumas entrevistas aos diversos jornalistas que nos aguardavam.

Missão cumprida!

 

Desafiando o Rio-Mar: Codajás/Beruri

"Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam". (Henry Ford)

Por Hiram Reis e Silva (Beruri, AM, 175 de janeiro de 2009)

- Largada para Beruri

Como a previsão era subirmos o Purus apoiados por um barco a motor, não nos preocupamos em sair muito cedo. Tomamos café no restaurante 'Cinco Irmãos' às 06h30min, e o sargento Osmar, da Polícia Militar, apoiou-nos no transporte da carga até os caiaques. Depois de uma despedida festiva por parte dos amigos da Consag, partimos rumo ao Purus às 08h20min.

Paramos logo em seguida para comer algumas araçás, abundantes às margens do lago; as frutas são semelhantes a pitangas, com sabor de acerola. As águas pretas do lago contrastam com as do Solimões. Voltar ao Solimões, deixando o hospitaleiro povo de Anori - em especial nosso 'anjo da guarda' amigo da Polícia Militar Sargento Osmar - nos enche de nostalgia e de expectativa em relação às novas amizades e plagas que iremos conhecer.

- Deslocamento para o Purus

'A partida para o alto Purus é ainda o meu maior, o meu mais belo e arrojado ideal' (Euclides da Cunha)

O deslocamento até a boca do Purus foi rápido, graças à correnteza do Rio-Mar. Enfrentamos uma chuva forte que me obrigou a procurar abrigo em um Flutuante para guardar a câmera fotográfica. Chegamos à foz do Purus por volta das 11h e aportamos junto a um grupo de pescadores, aguardando a 'voadeira' que nos rebocaria rio acima. Os botos passaram à nossa frente em sentido contrário ao deslocamento que iríamos percorrer. Seria um aviso?

- Tragédia no Purus

O soldado da Polícia Militar de Anori, Pedro Pereira, chegou pouco tempo depois com a 'voadeira'. O meu caiaque, como era menor, foi colocado atravessado sobre a 'voadeira' e o duplo foi rebocado a meia velocidade. Já próximo de Beruri a corda que tracionava o caiaque rompeu. O frágil caiaque da Opium havia praticamente partido em dois e por pouco não naufragou. Conseguimos rebocá-lo até a margem e embarcá-lo em motor que se deslocava rumo à Beruri.

- Hospitalidade Amazônica

Paramos em um flutuante próximo ao porto e o encarregado permitiu que colocássemos os caiaques em um flutuante ao lado, que se encontrava em construção. Fui tentar fazer contato com o Sargento Pereira, comandante da Polícia Militar de Beruri. Estava procurando um moto-táxi quando o professor Sidney Oliveira Miranda se ofereceu para me dar uma carona até a delegacia e depois até a residência do sargento.

O Pereira pediu ao filho que me levasse até a delegacia, onde se encontrava a viatura militar, enquanto se fardava. Providenciou um hotel (o Milena) junto ao porto e deslocamo-nos até o flutuante onde o Romeu e a Maria Helena já nos aguardavam.

- 1° dia em Beruri

Após o banho, fui até um telefone público informar a professora Rosângela do ocorrido e pedir a ela que repassasse a informação aos nossos colaboradores e familiares. O Romeu conseguiu alguém para 'consertar' o caiaque e eu fui até o restaurante 'Tudo de Bom' para tomar um suco de graviola. Enquanto colocava em dia os apontamentos do Rio-Mar, emprestei a máquina fotográfica para a Maria Helena tirar algumas fotos.

- 2° dia em Beruri

Acordei cedo para tirar algumas fotos e tentar entrar em contato com a Polícia Militar. O pouco caso dos agentes e policiais militares desde o dia anterior contrastava com o padrão que encontráramos até então em quase todas as localidades. Pedi à professora Rosângela para tentar entrar em contato com o Major Denildo, de Coari, para ver se através do comandante de Manacapuru conseguíamos um maior apoio por parte da polícia local. Como o restaurante 'Tudo de Bom' demorasse para abrir, acompanhei a Maria Helena até o restaurante Mandala para o café da manhã. Mandei um moto-táxi à casa do sargento Pereira e à delegacia e me dirigi a uma lan house para digitar os textos. Decidimos que seria melhor levar o caiaque para Manacapuru e tentar consertá-lo lá, contando com o apoio da Polícia Militar. O Romeu e a Maria Helena partiram no motor Silva Lopes e chegarão hoje à noite. Mantendo o planejamento inicial, sairei amanhã às 06h direto para Anamã.

 

(*) Coronel de Engenharia; professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Rua Dona Eugênia, 1227

Petrópolis - Porto Alegre - RS

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