Pela lei, os assentados da reforma agrária só podem vender seus terrenos dez anos depois de recebê-los. Na prática, contudo, o comércio ilegal de terras de reforma agrária é uma prática comum em Mato Grosso. “É um caso de polícia. Há títulos fraudulentos de terras e um comércio louco de áreas, exploração de madeira”, afirma o procurador Mário Lúcio Avelar, do Ministério Público Federal (MPF).
A afirmação do procurador é reforçada por dezenas de e-mails de internautas que denunciaram o problema ao Globo Amazônia. "Em praticamente todos os municipios da região de Novo Mundo (MT), onde o Fantástico fez a materia de venda de terra de assentamento, existe esse problema", diz uma leitora que pediu para não ser identificada.
Segundo o presidente do Incra, não é fácil retomar as terras que foram vendidas ilegalmente. “O senso comum é o de que o Incra chega lá, retoma o lote na hora e coloca outra família. Mas nesses casos, ainda mais nesse de Mato Grosso, isso vira um processo judicial”, diz. De acordo com Hackbart, desde 2004 o Incra recuperou pelo menos 10 mil lotes que haviam saído ilegalmente das mãos dos assentados.
Reforma agrária dentro de assentamentos
Para o MPF, há tanta gente ocupando terras de forma ilegal dentro de Mato Grosso que seria possível parar a desapropriação de fazendas no estado e utilizar esses terrenos para assentar novas famílias. “Há assentamentos que têm 80% de sua área tomada por fazendeiros”, aponta Avelar.
O procurador também afirma que grande parte do descontrole sobre a venda de terras ocorre por problemas de corrupção dentro do Incra. “É um balcão de negócios. Isso é um fato generalizado na reforma agrária em Mato Grosso”, acusa.
No final de 2008, uma operação da Polícia Federal prendeu oito funcionários do Incra, incluindo o superintendente do instituto no estado, que teve que deixar o cargo. Eles foram acusados de fraudar processos de desapropriação de terras.
O presidente do Incra afirma que o Instituto tem investigado e colaborado com a Polícia Federal na apuração dos casos de corrupção, mas não é fácil expulsar funcionários. “Demissão é um processo lento. Tem o processo administrativo, a sindicância e depois o processo judicial”, diz Hackbart.
1 comentários:
Parabens assisti essa reportagem na globo e fico feliz em ver ela aqui tbm...
O INCRA esta desmatando o Brasil!!!
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