A primeira vítima Por Cel Hiram Reis e Silva, 17 de Maio de 2009 "A primeira vítima, da guerra, é a verdade". (Hiram Johnson, 1917, senador republicano - Guerra, imprensa e censura A história dos correspondentes de Guerra tem início com William Howard Russel, do The Times, de Londres, que fez a cobertura da Guerra da Criméia. Descrevia com fidelidade os detalhes dos horrores da guerra, relatando o sofrimento dos soldados, as condições dos feridos e a brutalidade dos cirurgiões. Com Russel nasce o conflito entre a ’verdade e a segurança nacional’, que ainda hoje persiste. "Os cavaleiros avançam em duas linhas, aumentam o galope ao aproximar-se do inimigo... A mil e duzentas jardas, a inteira linha inimiga, de trinta bocas de ferro, um dilúvio de fumaça e chamas através do qual assoviam projéteis mortais..." Em fevereiro de 1856, porém, o comandante inglês tomou a iniciativa de censurar determinados artigos autorizando seus subordinados a expulsar das trincheiras os jornalistas que não se submetessem às novas normas. - Vietnã A Guerra do Vietnã mostrou aos estrategistas americanos que os combates são decididos na trincheira doméstica. Em 1966, uma fotografia mostrando soldados americanos incendiando casebres vietcongues indignou a opinião pública no momento em que o país saía às ruas em marchas de paz e amor. - Iraque Na Guerra do Iraque a imprensa mostrou não ser ’neutra’, e sim ’patriótica’, como na guerra do Vietnã. Uri Avnery, jornalista israelense, comenta que: "nunca tantos jornalistas traíram tanto o seu dever como na cobertura da guerra. Na Guerra do Iraque, os exércitos dos EUA e Grã Bretanha são acompanhados por grandes quantidades de jornalistas. Um jornalista que aceita a cama de uma unidade do exército se torna um escravo voluntário". - Brasil – Roraima – Raposa e Serra do Sol O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), em 29 de janeiro de 2005, fez um sério ataque à Funai, em plenário: "Essa questão de demarcação de terras indígenas e de criação de reservas na Amazônia e no Brasil como um todo criou uma espécie de aura de que tudo que está sendo feito é correto e de que tudo o que a Funai diz é verdade. Na verdade, o que a Funai tem feito muito é ’mentir’, com o apoio da grande ’imprensa nacional e mundial’, pregando uma falseta, por exemplo, ao dizer que essa área da Raposa Serra do Sol é uma região só. O nome Raposa se refere a uma comunidade indígena bem ao sul dessa área pretendida, enquanto a área Serra do Sol fica no norte, a 150 quilômetros uma da outra. Inicialmente, a Funai queria uma área para Serra do Sol e outra área para Raposa. Ao longo de duas décadas, ela foi expandindo essas áreas e criou uma reserva só, com 1,7 milhão de hectares, com uma faixa de fronteira com dois países que têm litígio entre si (Venezuela e Guiana). O que falta mesmo ao governo federal (Funai e Ministério da Justiça) é a imparcialidade e o uso freqüente da verdade. Então, nós precisamos insistir nessa tecla e trazer esse assunto para o debate nacional, porque não é um problema só de Roraima, é um problema de soberania nacional. Uma coisa não dá para entender: a população indígena representa 0,2% do total do Brasil e 12,5% do território nacional já foram demarcados para reservas indígenas. Alguma coisa está equivocada. É muito importante que nós da região (amazônica) debatamos, mas também é importante que o Brasil todo tome conhecimento do que está sendo feito. É preciso que o Senado acorde e tome a frente dessa questão que diz respeito ao interesse nacional e, principalmente, à soberania de nossas fronteiras". - Gestapo e PF Criada em 1933, é a abreviatura de Geheime Staats Polizei (Polícia Secreta do Estado). A gestapo funcionava sem tribunal, decidindo ela mesma as sanções que deviam ser aplicadas. Tornou-se célebre primeiramente na Alemanha, e depois em toda a Europa ocupada, pelo terror implacável de seus métodos. A Gestapo representou o arbítrio e o horror das forças nazistas. As ações policiais levadas a efeito na região de Raposa e Serra do Sol nos levam a comparar a Polícia Federal e a Força de Segurança Nacional aos temidos membros da Gestapo. Agressões desnecessárias, desrespeito à população do estado de Roraima foram uma constante sem que o alienado Ministro da Justiça, Tarso Genro, tomasse qualquer atitude. - Mídia Nacional A cobertura da grande mídia nacional colocou os manifestantes, fazendeiros e trabalhadores rurais, índios e não-índios, que são contrários à equivocada demarcação, como se fossem bandidos. Omitiu, intencionalmente, que mais de 60% da população indígena é contrária à demarcação e acha necessário retirar da reserva demarcada áreas produtivas cujo aproveitamento é fundamental para a economia e desenvolvimento do estado de Roraima e aceita de bom grado a convivência com os brancos. Não fez referência ao fato de que famílias de mestiços foram separadas esquecendo que este país sempre foi um modelo de miscigenação para os demais, exaltado por historiadores como Arnold Toynbee que escreveu:’Os espanhóis e portugueses cristãos e católicos levaram a cabo um sentido colonizador peculiar; não somente comem o pão com os indígenas que civilizaram, mas também se casam com eles. Deus os bendiga. Se o gênero humano algum dia chegar a unir-se em uma só família, será graças a eles, e não a nós.’ Não mencionou de que a demarcação da reserva Terra Indígena Raposa e Serra do Sol está envolta em denúncias de fraudes, particularmente dos laudos antropológicos. Não comenta a ação criminosa de entidades como o CIR (Conselho Indigenista de Roraima) e a ONG Consolata que desviam recursos destinados ao atendimento de toda população indígena para atender, privilegiadamente, apenas a seus correligionários. - Pequena Imprensa desperta o Brasil Graças à ação sistemática e corajosa dos pequenos periódicos à decisão do STF e a repercussão em torno do pronunciamento do Gen Heleno, que a população brasileira abriu os olhos para o que estava ocorrendo em Roraima. Começaram a tomar conhecimento das ações deletérias das ONG's, Igreja Católica e versões falaciosas da FUNAI, Advocacia Geral da União e Governo Federal. Infelizmente a grande imprensa raramente deu o valor devido às questões que afligem a nossa nacionalidade na Amazônia Brasileira. Foram os pequenos tablóides e desconhecidos jornalistas que trouxeram à tona esta realidade tão preocupante. A grande mídia só apareceu depois dos fatos consumados, cujo desenrolar já tinha sido analisado, publicado e comentado em todos os rincões graças à tenacidade e o arrojo da pequena imprensa. Já não era possível omitir, negar à opinião pública as informações que ela começava a exigir. Desde que iniciei minhas palestras sobre a Amazônia, há quase uma década, na região sul, enfocando especialmente a questão da soberania que venho denunciando as demarcações, sem qualquer critério legal, das reservas indígenas. Naquela época já denunciava a ação criminosa do padre guerrilheiro Giorgio Dal Ben com o apoio do CIMI, em Roraima, e só agora esta questão começou a ser levada a sério. - Conclusão Desde a Guerra da Criméia até hoje muitas batalhas foram travadas no palco da história e nesses mais de 150 anos, os meios de comunicação sofisticaram-se, permitindo transmitir suas notícias ao vivo do campo de batalha, mas uma coisa, porém, não mudou - a ’censura’. A Grande mídia, endividada, alinha seu pensamento com o governo buscando benesses fiscais e o resultado final é o da submissão a interesses espúrios de toda ordem. O conflito que nasceu com Russel entre a ’verdade e a segurança nacional’ mais do que nunca se evidencia nos dias de hoje só que agora não em nome da segurança nacional, mas em nome do arbítrio, do desgoverno e da submissão ao capital estrangeiro. Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS) Telefone:- (51) 3331 6265 Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br E-mail: hiramrs@terra.com.br
e ex-governador da Califórnia (1866-1945)
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