quinta-feira, 14 de maio de 2009

Hierarquia E Disciplina




Hierarquia E Disciplina


 Por Gen Eliéser Girão Monteiro – Secretário de Segurança de Roraima

 

A frase motivo deste artigo transporta o leitor de imediato para os alicerces da vida militar, muitas vezes repetida na mídia e em todas as rodas e mesas de conversas.

 

Mais ainda, faz rememorar os dias tristes entre 30 de março e 22 de abril últimos, aqui em Boa Vista. A ocupação por policiais militares e suas famílias, de quartéis da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado é algo que toda a sociedade roraimense não deseja ver repetido.

 

Considerando-se que cada grupo de profissionais tem seu próprio linguajar, precisa-se explicar do que esta frase se trata sob a ótica militar.

 

Será que ela é de exclusividade dos militares? Será que não se pode pensar que os termos são muito mais abrangentes? E que por isso mesmo, devem ser mais analisados por toda a sociedade?

 

Então, cabe um esclarecimento sobre o significado das mesmas quanto à ótica militar.

 

Hierarquizar significa organizar, isto é, ao montar um grupo, procura-se fazer com que os participantes sejam designados por suas aptidões e habilidades, enfim por seu perfil. Essa organização dever ser trabalhada quanto aos diversos perfis, para que o objetivo seja alcançado.

 

Tudo isso sob o prisma de que os integrantes do grupo são profissionais voluntários. O que significa que decidiram participar de livre e espontânea vontade daquele grupo.

 

Ao se organizarem, os policiais militares são reunidos em grupos por unidades militares, isto é, Comandos, Batalhões, Companhias, Pelotões e Grupos. Também, organizam-se por postos e graduações, isto é, soldados, cabos, sargentos, subtenentes, tenentes, capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis. Todos voluntários e conscientes de suas posições na hierarquia das corporações a que pertencem.

 

Como comparação, pode-se citar uma orquestra, que tem diferentes instrumentos, cada um com sons que precisam estar harmonizados conforme a melodia dos mesmos. Dispor os músicos em seus locais, com seus instrumentos afinados e cientes da partitura a ser tocada é organizar.

 

Entenderam então que hierarquizar é organizar? Alguma outra associação de pessoas que conhecem possui organização?  A resposta deve ser afirmativa.

 

Disciplinar significa ordenar, isto é, após organizar os grupos, precisa-se dizer o que cada um de seus membros pode e deve fazer enquanto integrante daquele grupo. Organizados já estão, mas a equipe precisa agir como tal, cada um conforme suas atribuições e em seus lugares. O ordenamento significa então por sob ordem a organização feita, e se a mesma for descumprida, terá que haver uma conseqüência em relação a desobediência.

 

Os policiais militares aprendem que seu ordenamento, isto é, sua disciplina, é referenciada sob a tutela de um regulamento disciplinar.

 

Ao serem identificadas desobediências, as mesmas recebem o enquadramento dos regulamentos das corporações, os quais atribuem gradação às falhas ocorridas em função dos fatos envolvidos e da pessoa que cometeu a irregularidade.

 

A orquestra ao ser ordenada recebe informações do maestro que momento da música cada instrumento deve entrar e como pode entrar, para harmonizar a melodia tocada. Assim, o resultado é apreciado por todos. A não obediência resultará sem dúvida, na imediata identificação de quem desafinou, com as conseqüentes e necessárias explicações.

 

A iniciativa privada e os demais profissionais não militares, ao não acatarem as ordens, podem ser penalizados de várias maneiras, podendo-se destacar o afastamento temporário, o desconto nos salários ou até a demissão.

 

Então, disciplinar é ordenar, isto é por sob ordens.

 

Assim, as corporações militares, dentre elas as policiais, são reconhecidas como confiáveis e respeitadas porque seus integrantes estão sempre em forma, cumpridores das missões definidas por seus comandantes, mesmo que com o sacrifício da própria vida.

 

Todo militar está enquadrado em uma instituição que tem deveres para com a sociedade e com a Pátria, e que está organizado e ordenado em regulamentos, que precisam e devem ser obedecidos.

 

Até mesmo, quando ocorrem exageros ou maus tratos de superiores para com os subordinados, o caminho para a solução deve ser o uso da ação de comando entre os militares, evitando-se a quebra da cadeia hierárquica, preservando a disciplina dentro do grupo. A existência de associações de militares, as quais deveriam se limitar à atuação nas áreas social e esportiva, é um ganho da democracia. Entretanto, quando usadas por motivos políticos acarretam sérios riscos ao princípio da autoridade.

 

O Governo do Estado de Roraima, em nome da democracia, da manutenção da ordem pública, e também da hierarquia e da disciplina, com muita tolerância, resolveu negociar com os manifestantes, que na verdade estavam amotinados, para que a solução fosse pacífica.

 

Necessário faz-se dizer que a lei tem que ser cumprida e que a justiça está acima da vontade própria ou de interesses escusos.

 

Os fatos vividos em Roraima, citados no início deste artigo, em nome do compromisso de todos com a segurança da sociedade, não podem jamais serem repetidos.



Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

 

Telefone:- (51) 3331 6265

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E-mail: hiramrs@terra.com.br



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