Cavalo lavradeiro é pequeno e resistente a doenças. Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Roraima estão trabalhando para preservar o cavalo lavradeiro, variedade típica dos campos do estado amazônico, e conhecer sua genética. Pequeno, veloz e resistente, o animal surgiu a partir de cavalos trazidos pelos portugueses no século 17 e, desde então, é montado por boiadeiros que criam gado na área de cerrado de Roraima. “Como as fazendas eram muito extensas e abertas, alguns desses animais passaram a viver soltos e tiveram mais de dois séculos de seleção natural”, explica Ramayana Braga, pesquisador da Embrapa que trabalha em um projeto para preservar a variedade e fazer seu mapeamento genético. “O cavalo lavradeiro é relativamente pequeno e adaptado a uma pastagem que tem período de seca muito longo”, explica o veterinário. Mas ele tem adaptação também para a época chuvosa, quando os campos alagam - seus cascos são pequenos e resistentes. “Um animal sem essa adaptação ficaria com o casco mole na umidade e apareceriam feridas em suas patas”, diz Braga. A Embrapa tem acordo com cinco produtores rurais do município de Amajari, a 140 km de Boa Vista, que mantêm cerca de mil animais sem cruzamento com outras raças. “Nem todos são lavradeiros, mas pretendemos selecionar alguns animais para fazer análise genética e caracterizar a raça”, diz Braga. Conhecer a fundo a genética do cavalo lavradeiro pode ser vantajoso para os criadores de equinos no futuro. De acordo com o pesquisador, a doença tem o apelido de “aids equina” por afetar o sistema imunológico e, entre os criadores de cavalos, é motivo de sacrifício. “O infectado começa a ficar magro, tem hemorragias na língua e no coração. Junto vem a deficiência imunológica, então ele geralmente pega alguma infecção e morre”.
Variedade surgiu na região de cerrado do estado amazônico.
De acordo com o pesquisador, ainda não é possível dizer que o lavradeiro seja uma raça, pois a análise genética que permitiria tal definição ainda não foi feita. “Chamamos de raça, mas é só pelos aspectos exteriores”, explica.
“É um animal rústico, que sobrevive sem medicamentos e sem vacinas. Queremos determinar a que doenças ele é imune”, conta o pesquisador. Compreendendo a chave de alguns tipos de imunidade do cavalo de Roraima, podem surgir tratamentos veterinários para outras raças. Segundo Braga, um exemplo da resistência dessa variedade é a alta incidência de anemia infecciosa equina em sua população.
Entre os lavradeiros, o índice de incidência da anemia infecciosa é de 50%, mas, surpreendentemente, a maioria deles não apresenta os sintomas típicos da doença. Compreender essa imunidade é um dos objetivos do trabalho da Embrapa. “Queremos preservar esses animais. Pensamos nisso como um patrimônio genético da humanidade”, conclui Braga. Segundo ele, o estudo genético do cavalo lavradeiro pode começar ainda este ano.
1 comentários:
Olá! Gostei muito do seu blog. Parabéns!! Abraços florestais da Angela Ursa :))
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