Pequenos rios também são destruídos por estradas e garimpos. Os pequenos córregos de onde nasce a maioria dos rios na Amazônia estão ameaçados. Esgoto, desmatamento, barragens irregulares, construção de estradas e garimpos matam aos poucos os igarapés, comprometem a qualidade da água e acabam com os pequenos animais que vivem nesses cursos d’água. “Em última análise, todo rio começa como um pequeno igarapé. A importância ecológica [dos igarapés] já começa por aí: impactar esses ambientes afeta toda a bacia. É o que acontece hoje no Xingu, onde o corpo do rio é protegido, mas as cabeceiras estão sendo ameaçadas”, afirma o biólogo, Jansen Zuanon, pesquisador do Projeto Igarapés, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Esgoto nas cidades Um dos locais onde os igarapés estão mais ameaçados é nas grandes cidades. Há acúmulo de lixo, esgoto doméstico e canalização dos pequenos rios. “Na maior parte de Manaus o esgoto não é tratado. Há muitas invasões, mas também o hábito de morar na beira dos igarapés”, relata Zuanon. Desmatamento Outro grande destruidor de igarapés é o desmatamento. Quando a mata é retirada, as chuvas levam areia para o leito dos rios, deixando-os mais rasos. Além disso, a falta de vegetação na beira d’água aumenta a temperatura dos córregos, impedindo que animais vivam ali. “A fauna praticamente desaparece”, afirma o pesquisador do Inpa. Barragens As pequenas barragens clandestinas também colaboram para piorar a qualidade da água. Quando o rio é represado, muitas árvores morrem, formando o chamado “paliteiro” – um conjunto de troncos secos. Estradas O fenômeno dos paliteiros se repete se as estradas são feitas sem planejamento. Quando é necessário passar por um igarapé, o terreno é aterrado, formando uma barragem. “Na BR-174 [que liga Manaus a Pacaraima, em Roraima] esse é o quadro mais comum. De um lado fica um lago com paliteiro, e no outro um igarapé extremamente assoreado.” Garimpos Em locais isolados, onde muitas vezes não há cidades, estradas ou desmatamentos, os igarapés sofrem com os garimpos clandestinos. Para obter ouro, as árvores e a terra são removidas. Muita lama é devolvida ao rio, e sobram buracos a céu aberto. “Além do mercúrio acumulado, o garimpo descaracteriza completamente o igarapé”, afirma o biólogo do Inpa.
Qualidade da água piora, córregos secam e peixes morrem.
Segundo o biólogo, conservar os igarapés ajuda a diminuir a poluição ao longo dos rios. “Proteger as cabeceiras faz com que aumentem as chances de ter água limpa por mais tempo, até mesmo diminuindo o efeito negativo da poluição rio abaixo”, afirma.
Segundo o cientista, na capital amazonense também há problemas com esgoto industrial. “Às vezes os igarapés de Manaus aparecem tingidos por dejetos industriais clandestinos.”
Um exemplo desse problema foi enviado ao Globo Amazônia pelos internautas da cidade de Brasil Novo, no Pará. Lá, os criadores de gado desmataram a margem dos igarapés, matando vários rios. Um grupo de alunos e professores está se mobilizando para convencer proprietários de terra a replantar essas áreas.
“Quando acontecem rompimentos [das barragens], desce água, lama e muitos peixes rio abaixo de uma vez só, causando impacto ambiental”, conta Zuanon.
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