quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ativistas interrompem premiação a Lula para pedir proteção da Amazônia


Presidente recebeu prêmio na sede da Unesco, em Paris

Ambientalistas seguravam faixas pedindo que Lula 'salve' a floresta.


Ativistas da organização ambientalista Greenpeace interromperam na sede da Unesco, em Paris, nesta terça-feira (7) a cerimônia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebia o prêmio Felix Houphouet-Boigny da Paz. Eles seguravam faixas pedindo que o líder brasileiro proteja a Amazônia.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Pesquisadores descobrem novo macaco na rota da BR-319



Rodovia, que liga Porto Velho a Manaus, corta ‘coração’ da floresta.

Cientista teme que reforma da estrada prejudique animal recém-descoberto.

Uma nova subespécie de macaco acaba de ser descoberta no Amazonas e já corre risco. O pequeno primata, batizado cientificamente como Saguinus fuscicollis mura, foi encontrado entre os rios Madeira e Purus, justamente sob o traçado da rodovia BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM). A rodovia, que hoje está abandonada e intransitável, tem a reforma prevista no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A obra aguarda apenas a licença do Ibama para começar, e ambientalistas afirmam que a estrada poderá trazer uma devastação sem precedentes para a região.


O nome
mura, dado pelo ecólogo Fábio Rohe, um dos autores da descoberta, é uma homenagem aos índios muras, que viviam próximos ao lugar onde o macaco foi encontrado. A escolha, segundo o cientista, serve para dar um alerta. “Os mura foram muito prejudicados pelos brancos. De certa forma, eles representam a resistência da natureza ao mundo civilizado”, conta o cientista, que trabalha na WCS Brasil (Wildlife Conservation Society) dentro do Programa Conservation Leadership Programme (CLP).

Bicho versátil

A descoberta do novo macaco ocorreu em 2007 durante uma expedição de um grupo de cientistas ligados à rede Geoma. De acordo com Rohe, o bicho é conhecido pelos moradores da região, mas ninguém sabia que se tratava de uma nova subespécie, já que ele é semelhante a outros macacos amazônicos, todos chamados genericamente de sauim ou choim.

Depois de comparar cores, medidas e localização de pelo menos 13 parentes próximos do mamífero, o pesquisador comprovou que o animal era uma variação da espécie Saguinus fuscicollis, e a descrição da subespécie foi publicada na revista científica "International Journal of Primatology" em junho deste ano. Além de Rohe, participaram da descoberta os pesquisadores José de Sousa e Silva Jr, Ricardo Sampaio e Anthony Rylands.

O novo macaco é pequeno. Tem em média 23 cm de altura, 31 cm de rabo e pesa 350 gramas. Segundo Rohe, o sauim é um bicho versátil, que consegue sobreviver tanto em matas densas quanto em florestas ralas, como as que margeiam os campos naturais ao longo da BR-319. Ele consegue se alimenta principalmente de insetos e de frutas.

Estradas, usinas e gasoduto

Não é apenas a reforma da rodovia que gera temor entre os biólogos que trabalham na Amazônia. A construção das usinas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, e o projeto do gasoduto Urucu-Porto Velho também assustam os estudiosos do meio ambiente, que preveem uma corrida de migrantes para o sul do Amazonas.

“Não sabemos ainda quais serão as consequências da obra [das usinas] para o curso do Madeira. Além do desmatamento, a obra vai fazer com que mais pessoas vão morar na região”, alerta o cientista da WCS. “Mas certamente, se não houver um trabalho de fiscalização sem precedentes no Brasil, a BR-319 será a veia de destruição da Amazonia central brasileira.“

Nova gralha

Uma espécie de gralha também foi descoberta recentemente no traçado da BR-319, e corre ainda mais risco do que o macaco. Como ela consegue viver apenas nos ambientes de transição entre os campos naturais e a floresta, pode ser muito prejudicada pelas queimadas que passarão a ocorrer na região.

Se você vive ou viajou para a Amazônia e tem denúncias ou ideias para melhorar a proteção da floresta, entre em contato com o Globo Amazônia pelo e-mail globoamazonia@globo.com. Não se esqueça de colocar seu nome, e-mail, telefone e, se possível fotos ou vídeos.



Rio Purus

Por Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 30 de junho de 2009

É que o grande rio, malgrado a sua monotonia soberana, evoca em tanta maneira o maravilhoso, que empolga por igual o cronista ingênuo, o aventureiro romântico e o sábio precavido.” (Professor Frederico Hartt)

Meu companheiro de viagem, na nossa descida de caiaque pelo Solimões, não entendeu porque eu planejara navegar pelo Rio Purus, abandonando o leito do Solimões. Se meu amigo desfolhasse as páginas amareladas da história deste heróico e misterioso manancial, certamente chegaria à conclusão de que não poderíamos, absolutamente, passar ao largo da foz do ‘Rio da Trindade’. Eu precisava absorver um pouco daquele ser místico, precisava submergir nos quatro séculos passados de tantos desafios em que os ‘desbravadores’ tentaram descobrir seus segredos, conhecer sua história. Precisava sentir nas águas de hoje o colossal ‘Lago Pebas’ de priscas eras.

- Rio Purus

“Realmente, o Purus, um dos mais tortuosos cursos d’água que se registram, é também dos que mais variam de leito. Divaga, consoante o dizer dos modernos geógrafos”. (Euclides da Cunha)

Nasce nas colinas do Arco Fitzcarrald, Serra da Contamana (região de Ucayali), no Peru, há aproximadamente 500m de altitude e percorre cerca de 3.300 km até sua foz no Solimões. Com características de rio de baixada, de águas barrentas, rica em sedimentos andinos, é classificado como rio de água branca. Possui um traçado muito sinuoso, cheio de curvas bem fechadas, e drena uma área de aproximadamente 376.000,00 km². Deste total, 73% se encontra no Estado do Amazonas, 21% no Estado do Acre, 5,5% no Peru e 0,5% na Bolívia.

O rio Purus entra no Brasil pelo estado do Acre, no município de Santa Rosa do Purus, passando pelo município de Manoel Urbano, entrando no estado do Amazonas pelo município de Boca do Acre onde recebe as águas do Rio Acre e segue pelo estado do Amazonas até desaguar no rio Solimões.

- Lendário Purus

Envolto em mistérios e fantásticas lendas, muitas delas motivadas pelos temores dos antigos desbravadores europeus, outras tantas pelos nativos, seus antigos habitantes e guardiões, o Purus vem cativando a memória ancestral dos povos através dos séculos sem perder seu encanto e seu carisma carregado de fantasias que o alimentam desde seu berço nos contrafortes andinos até a foz no Solimões.

- Frei Gaspar de Carvajal

A ilha que existe fronteira à boca do Purus, perdeu o antigo nome geográfico e chama-se ‘Ilha da Consciência’; e o mesmo acontece a uma outra, semelhante, na foz do Juruá. É uma preocupação: o homem, ao penetrar as duas portas que levam ao paraíso diabólico dos seringais, abdica às melhores qualidades nativas e fulmina-se a si próprio, a rir, com aquela ironia formidável”. (Euclides da Cunha)

Gaspar de Carvajal, em 03 de junho de 1542, relatou no seu manuscrito intitulado ‘Relación del descubrimiento del famoso río grande de las Amazonas’ a passagem de Orellana pela foz do Rio Purus e as aldeias à jusante de sua foz no Solimões: “... viemos a encontrar com outro rio mais caudaloso e maior, pelo braço direito; era tão grande que na entrada havia três ilhas, razão pela qual o denominamos Rio da Trindade (Purus); além disso, na junção dos dois rios, havia muitos e populosos povoados na bela terra de Omágua, e por serem muitas as aldeias e tão grandes e com muita gente, o Capitão não quis aportar. (...)

Havia nesse povoado, uma casa de diversões, dentro da qual encontramos louças dos mais variados feitios: havia vasos e cântaros enormes, de mais de vinte e cinco arrobas, e outras vasilhas pequenas como pratos, tigelas e castiçais, de uma louça da melhor que já se viu no mundo, mesmo a de Málaga não se iguala a ela, porque é toda vitrificada e esmaltada com todas as cores, tão vivas que espantavam, apresentando, além disso, desenhos e figuras tão compassadas, que naturalmente eles trabalhavam e desenhavam como os romanos. Os índios nos disseram que o que havia ali na terra a dentro era de ouro e que nos levariam até lá, pois era perto. Nessa casa achamos ainda dois ídolos tecidos de palha trançada de vários modos, que chegavam a espantar, tendo a estatura de gigantes e, na parte musculosa do braço, umas rodas com forma de bracelete, assim como na coxa, próximo dos joelhos. Tinham enormes orelhas furadas, como os índios de Cuzco, só que eram maiores. Este tipo de gente reside terra a dentro e possui a riqueza já contada e é para sua recordação que os ídolos ficam ali.”

- Padre Cristobal de Acuña

Acuña, em 1639, menciona no Capítulo LXIII - O Rio dos Gigantes, de sua crônica ‘Novo descobrimento do rio das Amazonas’: “Dez léguas adiante do referido sítio tem fim a província dos Yoriman, e transcorridas outras duas léguas, desemboca na margem sul um famoso rio que os índios chamam de Cuchiguará. Tal rio é navegável, ainda que em certas partes tenha algumas pedras. Tem muito pescado, grande quantidade de tartarugas, abundância de milho e mandioca e tudo o que for necessário para facilitar sua exploração. Está povoado por várias nações que, começando por sua boca e prosseguindo rio acima, são as seguintes: Cuchiguará, que tomam seu nome do rio, Cumayari, Guaquiari, Cuyariyayana, Curucuru, Quatausi, Mutuani e por fim e remate de todos, estão os Curigueré. De acordo com informações de pessoas que os viram e que se ofereciam a levar-nos a suas terras, são eles gigantes de dezesseis palmos de altura, muito valentes, andam nus e trazem grandes pátenas de ouro nas orelhas e narizes. Para chegar a suas aldeias são necessários dois meses contínuos de viagem desde a boca do Cuchiguará”.

- Guillaume d’Isle

D’Isle, geógrafo da Academia Real de Ciências de Paris, em 1703, fez um hipotético esboço cartográfico do Purus (mapa do ‘Rio do Omopalens’) que segundo ele nascia nos cerros andinos, acima da cidade de La Paz. D’Isle anexou, ao esboço, um comentário sobre os povos que nele habitavam: ‘mutuanis, dos quais se diz serem gigantes ricos em ouro, habitantes a dois meses de caminho da embocadura do rio’.

- Carl Friedrich Phillipp von Martius

O naturalista Martius, nas sua ‘Viagem pelo Brasil’, em 1817/1820, escreve que: ‘Acerca do Purus, calam-se todas as mais recentes notícias’. Sobre os nativos que habitavam suas margens afirma que “todos ainda em estado de absoluta selvageria e conhecidos por sua perfídia. Eles colhem aqui abundantes plantas medicinais, o cacau e a salsaparrilha, e permutam com as expedições que frequentam o rio, onde as duas partes contratantes se apresentam de armas na mão” e conclui: “Ninguém se aventura ainda a fundar missões no Purus”.

- Antonio Ladislau Monteiro Baena

Militar, geógrafo e historiador português chegou ao Pará em 1803. Como oficial do Exército Brasileiro atuou na repressão à Cabanagem chegando a alcançar o posto de Major de Artilharia. Escreveu o ‘Ensaio Corográfico sobre a Província do Pará’ que se constitui numa verdadeira enciclopédia, feita com pesquisa de campo, arquivos das paróquias, cartórios e Câmaras Municipais. Na sua obra, encontramos dados demográficos sobre economia, finanças públicas, descrição sobre a administração pública e judiciária da Província, além de informações sobre a flora e a fauna e os diferentes ecossistemas da região. Baena afirma no seu ‘Ensaio’ que o Purus é um “rio opulento de cacau, salsaparrilha, óleo, tartarugas, peixe-boi: as sezões invadem os que intentam colher estas e outras mais produções suas. Ele é de água branca, as margens em grande são campinas de umas serras ao norte de Cuzco, antiga capital dos infortunosos incas”.

- Expedições oficiais

“O Purus é um enjeitado. Precisamos incorporá-lo ao nosso progresso, do qual ele será, ao cabo, um dos maiores fatores, porque é pelo seu leito desmedido em fora que se traça, nestes dias, uma das mais arrojadas linhas da nossa expansão histórica”. (Euclides da Cunha)

A partir de 1852, João Batista Tenreiro Aranha, presidente da província do Amazonas, desmembrada do Grão-Pará, nesse ano, passou a organizar diversas expedições de exploração, procurando estabelecer uma comunicação com a Bolívia pelo Juruá e pelo Purus.

- João Rodrigues Cametá

Cametá, em 1852, diretor de índios, organizou a primeira exploração do Purus, realizando uma expedição que durou 53 dias de navegação em canoa até o Sepatini de onde retornou em decorrência da vazante do rio.

- Serafim Salgado

“Realmente nesse afanoso derruir de barrancas, para torcer-se em seus incontáveis meandros, o Purus entope-se com as raízes e troncos das árvores que o marginam”. (Euclides da Cunha)

Ainda em 1852, presidente da Província, organizou uma segunda penetração, objetivando descobrir uma comunicação fluvial que se dizia existir entre as bacias do Purus e do Madeira com o propósito de facilitar a comunicação e transporte com a Bolívia. Salgado subiu o curso do rio até a nona maloca dos índios Cocamas, provavelmente pouco além da confluência da boca do Aquiri (Acre) de onde retornou, depois de percorrer 2.250 milhas, tendo em vista que a partir daí o rio se tornava muito estreito e obstruído.

- Manoel Urbano da Encarnação

Em 1861, Manoel Urbano, o preto, Diretor dos Índios do Purus, nomeado para esse cargo desde 1853, cumprindo ordens do presidente Manoel Clementino Carneiro da Cunha, subiu o rio e penetrou o Ituxi retornando ao Purus, num percurso de 2.800 milhas, tentando achar uma rota para a Bolívia por terra ou água. Entrou no rio Aquiri (Acre) penetrando nas terras do atual estado do Acre, retrocedeu ao Purus e entrou no Mucuim, afluente da margem direita, enveredou, via terrestre, por quilômetros de matas alcançando o rio Madeira e retornando, novamente, ao Purus. No seu percurso, contatou diversos povos indígenas, entre os quais os Manchineri, relatando que estes nativos, bastante evoluídos, plantavam, fiavam e teciam o algodão, confeccionando roupas e redes semelhantes àquelas usadas pelos bolivianos que desciam o rio Madeira.

Manoel Urbano, em 1865, novamente, subiu o rio, tentando descobrir no rio Ituxi o enlace entre o Purus e o Madeira. Subiu o Mucuim passando ao salto do Teotônio, no Madeira. Navegou durante quinze dias e empreendeu uma marcha terrestre por dois dias atravessando o divisor de águas entre a bacia dos dois rios. Tentou estender ao Ituxi as mesmas operações de reconhecimento, mas a falta de víveres obrigou-o a retornar.

- João Martins da Silva Coutinho

Em 1862, procurando obter informações mais precisas sobre o Purus, o governo amazonense resolveu organizar uma expedição comandada por uma ‘pessoa possuidora de conhecimentos capazes de realizar uma verificação científica e mais profícua’ da região. A expedição comandada pelo engenheiro João Martins da Silva Coutinho acompanhado por Manoel Urbano da Encarnação, na função de prático, contou, também, com a colaboração do botânico alemão Gustav Wallis encarregado de realizar levantamentos hidrográficos, geológicos, da flora e dos povos indígenas, destacando os ‘meios mais eficazes para vinculá-los à civilização’. Cabia à expedição, ainda, encontrar a passagem do Purus ao Juruá descoberta anteriormente por Manuel Urbano. A expedição subiu apenas até Hiutanaã, sem alcançar o varadouro, mas produziu informações importantes sobre o Purus.

- William Chandless

William Chandless, em 1864, foi enviado pela Royal Geographical Society of London para examinar o que havia de concreto entre esta histórica conexão entre os rios Purus e Madeira. Com equipamentos apropriados Chandless fez várias medições da extensão dos rios e marcou várias coordenadas, chegando a ilustrar o seu trabalho com um mapa do rio, provando a navegabilidade do Purus e concluindo que ele não nascia nos Andes, não sendo o Madre de Dios a sua fonte. O geógrafo inglês também descreveu o relevo, o clima, a hidrografia, a vegetação, a fauna, a vazante e os costumes de alguns povos indígenas. Avançou mais que as expedições anteriores, mas também não conseguiu encontrar uma passagem para a Bolívia. Chandless adentrou o rio Juruá, e teve sua viagem interrompida, em 1867, em decorrência de um ataque dos índios ‘Nawa’ 346 milhas acima da boca do Tarauacá, no local posteriormente denominado seringal Ouro Preto, pouco acima da foz do Riozinho da Liberdade.

Luiz Agassiz, em 1866, no seu livro ‘Viagem ao Brasil (1865-18660)’, comenta no Capítulo XIII – História Física do Amazonas, sob o título Fósseis crustáceos: “Além dos fósseis de que já falei, tive recentemente outra prova da existência da greda na parte meridional da bacia amazônica. Em seu regresso de longa viagem ao Rio Purus, o Sr. William Chandless presenteou-me com uma coleção de restos fósseis do mais alto interesse, pertencentes incontestavelmente ao período cretáceo. Ele mesmo os recolheu no rio Aquiri (Acre), afluente do Purus”.

- Asrael D. Piper

O explorador norte-americano, a serviço do governo boliviano, chegou na Bolívia em 1868, subiu o Purus, em 1871, e estabeleceu um barracão entre os Manchineri da Bolívia, com o propósito de povoá-lo sem ultrapassar a área percorrida por Chandless. Transportou nas suas viagens levas de nordestinos. Em 1880, o povoamento iniciado por Piper ultrapassava a foz do rio Iaco, atingindo a foz do rio Chandless em 1883 e do Santa Rosa em 1884.

- Coronel Antônio Rodrigues Pereira Labre

Labre, em 1871, fundou um povoado que mais tarde se chamaria São Luiz de Lábrea e que viria a se tornar parte do Território do Acre. Foi o primeiro desbravador a viajar de barco de Lábrea ao rio Acre, via Madeira e Beni.

- Capitão Hoefner

Em 1872, Barrington Brown e William Lidstone percorreram o Baixo-Purus, até Huitanaã, embarcados na lancha Guajará, sob o comando do Capitão Hoefner.

- Tenente Augusto José de Souza Soares

Em 1875, uma expedição comandada pelo primeiro Tenente da Armada Augusto José de Souza Soares tinha como missão encontrar a comunicação entre o Madre de Dios e o Purus. Embora Chandless já houvesse afirmado que não existia essa passagem, a dúvida permanecia. O Tenente partiu com a missão de ultrapassar a região já desbravada por Chandless, devendo explorar as nascentes do Iaco e de outros afluentes do Purus. Coletou diversas informações sobre a região, mas não achou a pretendida ligação com a Bolívia.

- O encontro dos ícones

Em outubro de 1905, embarcam no vapor Rio Branco, que estava ancorado na ‘Boca do Acre’, confluência do rio Acre com o Purus, dois ícones da nacionalidade brasileira, Plácido de Castro e Euclides da Cunha. Plácido de Castro tinha comandado o vitorioso Movimento Revolucionário Acreano, que resultou na incorporação das terras bolivianas ao Brasil. Euclides da Cunha chefiara a ‘Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus’, cuja missão era mapear o rio Purus, desde a foz, no Solimões, até suas cabeceiras, definindo as fronteiras do país com a Bolívia e o Peru.

A viagem da Boca do Acre a Manaus durou uma semana e neste período aconteceu o encontro histórico. Euclides da Cunha solicitou a Plácido de Castro que redigisse um histórico da campanha, desde 1902, que culminou com a conquista do Acre. Plácido escreveu os apontamentos a lápis na própria caderneta de Euclides, e manteve longas conversas com o escritor, relatando, além da campanha pela anexação, a dinâmica da extração da borracha, seu ciclo produtivo e a vida nos seringais.

Fontes:

CASTELLO BRANCO, José Moreira Brandão - O Juruá Federal: Território do Acre - Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - Brasil - Rio de Janeiro - Imprensa Nacional, 1930.

TOCANTINS, Leandro - Formação histórica do Acre - Brasil - Rio de Janeiro - Civilização Brasileira, 1979


Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E-mail: hiramrs@terra.com.br


sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vila clandestina de garimpeiros atrapalha turismo no maior parque do Brasil





Montanhas do Tumucumaque tem área de 25 cidades de São Paulo.

Parque é usado como base para mineração de ouro na Guiana Francesa.

O Parque Montanhas do Tumucumaque é o maior do Brasil, e também um dos mais isolados. Foi criado em 2002 para se transformar em destino turístico, mas sua atração principal é uma pequena vila, conhecida por Ilha Bela, usada como acampamento-base para os garimpeiros brasileiros que exploram ouro na Guiana Francesa.


Com uma área de 38 mil km² – o equivalente a 25 vezes o município de São Paulo –, o parque fica no extremo norte do país, no Amapá, fazendo divisa com o território que pertence à França. Para cuidar de toda essa terra, totalmente preservada, há cinco pessoas. Eles fazem viagens periódicas à região, já que o parque não tem sede.


“Hoje, boa parte do nosso esforço está centrado na remoção de Ilha Bela”, conta Christoph Jaster, chefe da equipe.

Vila distante

Dentro do parque há poucas minas de ouro, segundo Jaster. Os garimpeiros só criam coragem para explorar as terras brasileiras quando a cotação do metal está muito alta. O problema é a onda de crimes que andam junto com o garimpo ilegal. “É um sistema que traz doenças, violência, prostituição, tráfico”, explica.

As tentativas de desmantelar a pequena vila de Ilha Bela, que tem cerca de 200 habitantes, foram muitas. Em uma operação realizada em fevereiro, um gerador a diesel foi apreendido e precisou ser
retirado de helicóptero. Seu dono cobrava entre 1 e 2,5 gramas de ouro por semana pela energia elétrica fornecida a cada casa.


A dificuldade de acabar com a mineração ilegal se explica pelo isolamento do povoado. O acesso mais comum se faz a partir da Serra do Navio, no Amapá, de onde é necessário andar 90 quilômetros de barco para chegar à vila. “É completamente inacessível para padrões urbanos, mas não para caçadores ou garimpeiros”, diz o chefe do parque.

Com tudo longe e com metais preciosos brotando do chão, o comércio local é inflacionado. De acordo com Jaster, uma vaca ali pode valer 12 mil reais, enquanto um quilo de carne é trocado por um grama de ouro. “Ficar rico no garimpo é quase impossível. O garimpeiro é um ser à beira da miséria.”

Ajuda francesa

A aposta do governo para tirar o parque dos garimpeiros e levá-lo aos turistas é a ajuda da França. No final de 2008, Lula e o presidente francês Nicolas Sarkozy assinaram um acordo de cooperação para o combate ao garimpo ilegal no Brasil e na Guiana Francesa. Também foram planejadas pesquisas conjuntas na região.


Para Jaster, a França também pode ser fonte de turistas. “Imaginamos que o parque amazônico [que fica do lado] da Guiana pode canalizar os visitantes vindos de fora, e esses reflexos serão sentidos pelo Tumucumaque”, pondera.




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