terça-feira, 7 de julho de 2009

Pesquisadores descobrem novo macaco na rota da BR-319



Rodovia, que liga Porto Velho a Manaus, corta ‘coração’ da floresta.

Cientista teme que reforma da estrada prejudique animal recém-descoberto.

Uma nova subespécie de macaco acaba de ser descoberta no Amazonas e já corre risco. O pequeno primata, batizado cientificamente como Saguinus fuscicollis mura, foi encontrado entre os rios Madeira e Purus, justamente sob o traçado da rodovia BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM). A rodovia, que hoje está abandonada e intransitável, tem a reforma prevista no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A obra aguarda apenas a licença do Ibama para começar, e ambientalistas afirmam que a estrada poderá trazer uma devastação sem precedentes para a região.


O nome
mura, dado pelo ecólogo Fábio Rohe, um dos autores da descoberta, é uma homenagem aos índios muras, que viviam próximos ao lugar onde o macaco foi encontrado. A escolha, segundo o cientista, serve para dar um alerta. “Os mura foram muito prejudicados pelos brancos. De certa forma, eles representam a resistência da natureza ao mundo civilizado”, conta o cientista, que trabalha na WCS Brasil (Wildlife Conservation Society) dentro do Programa Conservation Leadership Programme (CLP).

Bicho versátil

A descoberta do novo macaco ocorreu em 2007 durante uma expedição de um grupo de cientistas ligados à rede Geoma. De acordo com Rohe, o bicho é conhecido pelos moradores da região, mas ninguém sabia que se tratava de uma nova subespécie, já que ele é semelhante a outros macacos amazônicos, todos chamados genericamente de sauim ou choim.

Depois de comparar cores, medidas e localização de pelo menos 13 parentes próximos do mamífero, o pesquisador comprovou que o animal era uma variação da espécie Saguinus fuscicollis, e a descrição da subespécie foi publicada na revista científica "International Journal of Primatology" em junho deste ano. Além de Rohe, participaram da descoberta os pesquisadores José de Sousa e Silva Jr, Ricardo Sampaio e Anthony Rylands.

O novo macaco é pequeno. Tem em média 23 cm de altura, 31 cm de rabo e pesa 350 gramas. Segundo Rohe, o sauim é um bicho versátil, que consegue sobreviver tanto em matas densas quanto em florestas ralas, como as que margeiam os campos naturais ao longo da BR-319. Ele consegue se alimenta principalmente de insetos e de frutas.

Estradas, usinas e gasoduto

Não é apenas a reforma da rodovia que gera temor entre os biólogos que trabalham na Amazônia. A construção das usinas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, e o projeto do gasoduto Urucu-Porto Velho também assustam os estudiosos do meio ambiente, que preveem uma corrida de migrantes para o sul do Amazonas.

“Não sabemos ainda quais serão as consequências da obra [das usinas] para o curso do Madeira. Além do desmatamento, a obra vai fazer com que mais pessoas vão morar na região”, alerta o cientista da WCS. “Mas certamente, se não houver um trabalho de fiscalização sem precedentes no Brasil, a BR-319 será a veia de destruição da Amazonia central brasileira.“

Nova gralha

Uma espécie de gralha também foi descoberta recentemente no traçado da BR-319, e corre ainda mais risco do que o macaco. Como ela consegue viver apenas nos ambientes de transição entre os campos naturais e a floresta, pode ser muito prejudicada pelas queimadas que passarão a ocorrer na região.

Se você vive ou viajou para a Amazônia e tem denúncias ou ideias para melhorar a proteção da floresta, entre em contato com o Globo Amazônia pelo e-mail globoamazonia@globo.com. Não se esqueça de colocar seu nome, e-mail, telefone e, se possível fotos ou vídeos.


0 comentários:


INDIOS NO FORUM MUNDIAL SOCIAL - BELEM DO PARA - BRASIL

INDIO NO FORUM MUNDIAL SOCIAL - BELEM DO PARA - BRASIL

INDIOS CAIAPOS NO FORUM MUNDIAL SOCIAL - BELEM DO PARA - BRASIL

INDIO NO FORUM MUNDIAL SOCIAL - BELEM DO PARA - BRASIL

FAMILIA INDIGENA NO FORUM MUNDIAL SOCIAL - BELEM DO PARA - BRASIL